As sete leis de Noach (Noé)




Após o Dilúvio e a saida de Nôach (Noé) e sua família da arca, D'us os abençoou e estabeleceu uma aliança assegurando-lhes de que jamais haveria outro dilúvio para destruir a terra.


Fez surgir no céu o primeiro arco-íris que selaria para sempre esta aliança e forneceu um Código de sete leis sobre as quais uma nova civilização seria construída. Estas leis representam o reconhecimento de que a moralidade – na verdade, a própria civilização – deve ser baseada na crença em D’us. 


A menos que reconheçamos um Poder Mais Alto perante quem somos responsáveis, e quem observa e conhece as nossas ações, não transcenderemos o egoísmo de nosso caráter e a subjetividade de nosso intelecto. Se o próprio homem é o árbitro do certo e errado, então o “certo” para ele será aquilo que deseja, independentemente das conseqüências para os outros habitantes da terra.


“As Sete Leis” são uma herança sagrada para toda a humanidade e para cada um em particularde como deve conduzir sua vida espiritual, moral e pragmática. São intemporais, não restritas a locais geográficos e jamais podem ser alteradas ou modificadas, guiando a humanidade a perceber seu potencial máximo.


Chegará um tempo em que todos estarão preparados para incorporar este caminho. Será então o início de um novo mundo de sabedoria e paz.



Verso Temático: “Aos estrangeiros que se chegam ao SENHOR, para o servirem e para amarem o nome do SENHOR, sendo deste modo servos seus, sim, todos os que guardam o sábado, não o profanando, e abraçam a minha aliança, também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos.” (Is 56:5-7).

Introdução

Por que existe no judaísmo de hoje a idéia de que os goim (gentios) não precisam de uma conversão e nem de se unir ao judaísmo para serem povo de D-us e herdarem as mesmas promessas dos descendentes de Avraham? Na verdade, na época de Yeshua, os jodeus faziam o proselitismo, o que, mais tarde, passaram a descartar ou desistimular. Para sustentar tal posição, afirmam que D-us tem uma aliança com Israel, com o qual estabeleceu leis (613 preceitos), mas que, igualmente tem também um plano para salvar os justos dentre as nações, sem ter que introduzi-los em Israel. E mais, que se cumprirem as sete leis de Noach, também estes poder tem alguma recompensa no Olam Habah.

Questionário

Quais são as sete leis de Noach, ensinadas no judaísmo?

Creia em D'us. Não sirva a ídolos.
Não blasfemar Seu Nome. Respeitar D'us e louvá-Lo 
Não roubar. Respeitar os direitos e propriedades alheios
Não matar. Respeitar a vida humana.
Não cometer adultério. Respeitar a família.
Cumpra as leis do país. Criar um sistema judicial. Persiga a justiça.
Não coma um membro de um animal vivo e não seja cruel com animais (Não comer sangue).
Por que são passadas estas leis aos gentios que buscam conversão?
O judaísmo de hoje não é proselitista e tem pouco interesse nisso. Ainda que a conversão ao judaísmo seja possível em nossos dias, todavia faz parte do entendimento judaico que o goy deva estar muito interessado é disposto a renunciar a tudo. Por isso este é desestimulado ao máximo. Como judeu, ele teria que cumprir 613 mandamentos e suportar perseguição e discriminação. Se é apenas por salvação, não é necessário conversão e compromisso com o judaísmo. Basta-lhe cumprir tão somente as sete leis de Noach. Compare estas leis com as determinadas pelo Concílio de Jerusalém (At 15:20). Tenha em mente que a discussão ali era porque alguns queriam que os gentios se circuncidassem para serem salvos (At 15:9).
“Ademais, o Judaísmo não é exclusivo. Um ser humano não precisa ser judeu para alcançar um nível espiritual mais alto. Enoch "caminhou com D’us," e Noé teve um nível bastante alto de relação com D’us. Porém, nenhum deles era judeu. Nossa tradição é a de que todas as 70 nações devam funcionar juntas e desempenhar seu papel integral nesta existência chamada de: humanidade. De acordo com o Judaísmo (Talmud - Sanhedrin 58b), qualquer pessoa pode alcançar um lugar no Mundo Vindouro observando fielmente as sete leis fundamentais de humanidade.”
Fonte: www.aishbrasil.com.br/new/artigo_povo.asp


“Os Rabinos explicam que as sete leis são apenas orientações gerais, mas na verdade os não-judeus devem rezar, fazer caridade, honrar os pais, etc. É responsabilidade de um judeu influenciar o não-judeu a cumprir as Sete Leis Noahidas. Aliás, elas já se encontram em nosso site como você poderá verificar no seguinte link” 


Fonte: www.chabad.org.br/INTERATIVO/FAQ/sete.html

QUESTÃO CARAÍTA


A Questão Caraíta


Ben Asher e Ben Buya'a eram Caraítas ou Rabanitas?
Os Caraítas eram uma seita judaica que surgiu no início do oitavo século EC. A doutrina deles sobressai pela sua ênfase na Bíblia como única e direta fonte de lei religiosa, a exclusão da Lei Oral (isto é, a literatura rabínica). A expressão "Caraíta" (derivada da "Mikrá", vocábulo hebraico que significa "Escritura") não foi aplicada a seita até o século 9. Inicialmente, o grupo foi conhecido com o nome "Ananitas", em honra de seu fundador, Anan ben David. Entre os próprios caraítas, todavia, traçavam sua origem desde o primeiro e maior cisma entre o povo [israelita] na época do Rei Jeroboão, e subseqüentemente, aos Saduceus, cujo líder, Zadok, segundo acreditavam conservava a verdadeira lei - isto é, a Lei Escrita (a Bíblica) sem a Lei Oral.
Contrastando com eles, os rabanitas eram os herdeiros espirituais dos Fariseus, e os precursores dos ramos principais do Judaísmo da atualidade. Os rabanitas acreditavam firmemente que a Bíblia não podia ser interpretada cabalmente sem a Lei Oral, segundo codificava-a a Mishná e o Talmude.
Naquela época, os caraítas, apesar de abandonar por um lado a Lei Oral desenvolveram suas próprias (e amplas) tradições orais, doutrinas e práticas, as quais chamaram o Julgo da Tradição (Sevel haYerushá). Até certo ponto, a divergência caraíta da prática rabanita era derivada de suas diferenças na interpretação bíblica, as quais em alguns casos os levaram a adotar práticas mais estritas que as dos rabanitas, e em outros casos, algumas que eram menos estritas.
Contudo, os rabanitas e os caraítas estavam de acordo em uma coisa: todos acreditavam que a Bíblia é a palavra de Deus, e que é absolutamente essencial conservá-la e transmiti-la intacta. Por estes motivos, ambos os grupos veneravam os Massoretas. Por causa de sua ênfase no texto bíblico, os caraítas asseveravam que as leituras litúrgicas da Torah podiam ser realizadas únicamente de um códice pontuado e vocalizado, e não um rolo tradicional. Para eles era inconcebível que a Torah tivesse sido entregue incompleta - isto é, sem as anotações. De fato, na dedicação da Coroa (o códice) consta que a comunidade de Jerusalém estava autorizada a usar o códice nas leituras durante os três festivais maiores de Sukkot, Pessach, e Shavuot (Tabernáculos, Páscoa, e a Festa das Semanas).
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Opondo-se a isso, os rabanitas insistiram no uso dos rolos no contexto religioso, apoiando-se em que foi assim que a Torah foi entregue originalmente.
No século nove, Benjamim ben Moshe Nahawendi, o primeiro estudioso em usar a expressão "Caraíta", converteu a idéia do estudo livre e independente da Bíblia em um princípio básico do Caraísmo. Por volta do século 10, os caraítas se dedicavam com especial zelo à exegese e estudo gramatical e massorético, tendo Jerusalém como centro de suas atividades espirituais e estudiosas.
O conflito caraíta com os rabanitas sobre a interpretação de passagens bíblicas continuou incitando o estudo da Bíblia e do idioma hebraico. Inicialmente, ambos os grupos eram ferozes competidores sobre o que ambos os lados viam como [uma espécie de] jogo de suma zero para estabelecer a primazia de suas respectivas interpretações. No entanto, para a época em que os caraítas adquiriram a Coroa, em meados do século onze, as tensões tinham se relaxado. (Este período posterior terminaria abruptamente com a conquista de Jerusalém por parte de Godfrey de Bouillon em 1099. Os Cruzados, pelo menos, não faziam distinção entre rabanitas e caraítas; membros de ambas as comunidades foram enclausurados em uma sinagoga e queimados vivos).
A dedicação da Coroa descreve como em meados do século 11, Israel ben Simha de Basra comprou o códice. Após, doou-a para a comunidade caraíta de Jerusalém, com a condição de que os dois irmãos, Ezequias e Josias - renomados caraítas a quem a dedicação chama de "príncipes" - cuidassem da Coroa e a colocaram a disposição de qualquer pessoa entendida, caraíta ou rabanita, que quisesse consultá-la. O Rabino Meir Nehmad, que transcreveu a dedicação na década de 1930, supôs que Ben Simha também era caraíta, mas que a Coroa havia estado em mãos rabanitas antes de adquiri-la. Isso significa que o códice foi originalmente escrito por escribas rabanitas?
Durante décadas, foram feitos argumentos a favor e contra a proposta que Ben Asher e Ben Buya'a fossem de fato caraítas. Existem fortes evidências circunstanciais a favor de sua identidade caraíta. Em primeiro lugar se deriva evidencia interna da obra dos Massoretas Ben Asher, e da própria Coroa. Por exemplo, em seu Dikduke haTaamim, Aharon ben Asher fala da autoridade haláchica da Bíblia inteira, em termos que refletem crenças caraítas. Além disso, existe evidência de doutrinas caraítas na obra do pai de Aharon, Moshe ben Asher. Em sua introdução ao Códice do Cairo, o ancião Ben Asher declara que as três partes da Bíblia (a Torah, os Profetas e os Escritos) têm autoridade igual para fins haláchicos - posição caraíta clássica. De igual modo, a organização da Coroa de Aleppo, assim como a do Códice do Cairo e o Códice de Leningrado, mencionado mais adiante, não segue a ordem prescrita no Talmude, a qual poderia refletir a rejeição caraíta da Lei Oral.
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Finalmente, a dedicação da Coroa inclui uma oração pela proteção do Templo. Alguns alegam que deve referir-se ao templo dos caraítas em Jerusalém, já que o Segundo Templo havia sido destruido em 70 EC. Por extensão, esta evidência provavelmente significa que Ben Buya'a, como colaborador próximo de Ben Asher, era também caraíta.
Em segundo lugar, a evidência externa também apóia estas alegações. Por exemplo, Saadia Gaón escreveu uma resposta anti - caraíta, Esa Mechali, a qual criticava um massoreta chamado "Bem Asher". Sendo que Saadia Gaon e Aharon ben Asher eram mais ou menos contemporâneos, este "Ben Asher" bem pôde ter sido Aharón. De qualquer maneira, não conhecemos nenhuma outra família de Massoretas chamada Ben Asher. As referências às dinastias Ben Asher dos Massoretas em textos contemporâneos geralmente usam expressões caraítas, mesmo que não de maneira exclusiva - onde aparecem, por exemplo, termos como "mestre" (melamed) e "iluminado" (maskil). Além disso, o doador do Códice do Cairo, o qual foi escrito pelo pai de Aharón, Moshe bem Asher, utilizou linguagem que sugere que era caraíta. Parece inverossímil que um determinado patrocinador tivesse entregado a obra de um rabanita à comunidade caraíta do Cairo.
Sendo que os Caraitas de Jerusalém tinham a Coroa na época em que foi escrita a dedicação, alguns estudiosos chegaram à conclusão de que os donos originais também devem ter sido caraítas, sendo que se os rabanitas tivessem possuído a Coroa desde o início, jamais permitiriam sua transferência para mãos caraítas. Mas, por volta do século 11, as relações entre rabanitas e caraítas tinham melhorado muitíssimo. De fato, a estipulação que permitia tanto aos caraítas quanto aos rabanitas o acesso pleno ao Códice, testemunha das relações cordiais entre os dois grupos naquela ocasião.
 E mais, dita transferência é muito acreditável. Se a Coroa tivesse estado originalmente em mãos rabanitas, o líder espiritual da Yeshiva da Terra de Israel - o gaón exilarca - tivesse controlado o códice pessoalmente. Possivelmente não foi coincidência que o gaón desse período, Shlomo ben Yehudá (1025 - 1051), com frequência incorporou a ajuda dos caraítas em suas lutas políticas. Além disso, Ben Yehudá e os dois principes caraítas, Ezequias e Zosias, ao cuidado especifico de quem foi encomendada a Coroa, traçavam sua linhagem até o Rei Davi, através de Yehoiahin. Das cartas encontradas na Genizah do Cairo, sabemos que estes homens consideravam uns aos outros, apesar de suas diferenças pessoais, membros da mesma elite.
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Alguns estudiosos alegaram que Maimónides, conhecido oponente dos caraítas, não confiaria na Coroa se acreditasse que estava contaminada pela autoria caraíta. Ao contrário, Maimónides louva a Coroa estritamente por sua exatidão textual, e não como documento religioso. De fato, ele estranhamente é cauteloso em relação à origem do códice. Refere-se a ele como "o Bem Conhecido Códice em Egito", que contém os vinte quatro livros [da Bíblia], e que tinha estado em Jerusalém por vários anos, e no qual todos se apoiavam, porque sua leitura foi revisada por Ben Asher. E, ao mesmo tempo em que foi apoiado o uso de seções abertas e fechadas e a escritura dos cânticos, não fez referência a ortografia, as vogais, aos acentos, nem as notas massoréticas da Coroa. Tampouco disse de quem considerava obra de autoria tocante a esses detalhes, nem a obra de quem não aceitaria.
Vários estudiosos também propuseram que Ben Buya'a e Ben Asher fossem rabanitas. Apontam o fato de que o colofão do códice de Shlomo Ben Buya'a, encontrado em Cufut-Kale não contém nenhuma das frases de códice textuais geralmente utilizadas pelos caraítas, com o fim de indicar sua afiliação. Se Ben Buya'a tivesse sido caraíta, certamente teria se identificado como tal, e ditas frases teriam sido encontradas no colofão. E mais, se Ben Buya'a era rabanita, provavelmente Ben Asher era também. Dadas as relações difíceis entre os dois grupos na época que foi escrita a Coroa, dificilmente seria um escriba rabanita encontrado colaborando com um anotador caraíta no manuscrito. Em geral, as evidências de ambos os lados do debate permanecem circunstancias, e esta fascinante controvérsia continua vigente.


Fonte:
Fragmentos da obra: The Crown of Aleppo por: Hayim Tawil, e Bernad Schneider.
TRADUZIDO POR ALEX SCIOLI

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